No ano em que comemora 50 anos, a Unimed Nordeste-RS reúne profissionais renomados e promove o III Simpósio de Enfermagem em Centro Cirúrgico, Sala de Recuperação Anestésica e Centro de Materiais e Esterilização.

 

Em formato inédito, com oficinas presencias no primeiro dia e palestras presenciais com transmissão online no segundo dia, nosso objetivo é promover o desenvolvimento dos profissionais da enfermagem através da ampla troca de experiências.

 

Primeiro dia do Simpósio trouxe oficinas práticas presenciais para mais de 150 inscritos!

 

OFICINAS CENTRO DE MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO

• Conceitos básicos de limpeza  - Enf. Dra. Jeane Bronzatti

• Desvendando os mistérios da osmose reversa - Arq. Fernando Bustamante

• Programando ciclos e montando cargas em lavadoras termodesinfectadoras - Enf. Esp. Lígia Calichio

• Critérios na escolha da embalagem para dispositivos médicos - Alexandre Nardi

• Escolhendo o melhor método de esterilização para dispositivos de alto custo: enfrentamentos diários do enfermeiro de CME - Enf. Dra. Kazuko Graziano

• Conceitos básicos e critérios para montagem de cargas para esterilização em peróxido de hidrogênio  - Enf. Ms. Ana Tércia Barijan

• Desmistificando o indicador físico de processo de esterilização a vapor saturado sob pressão - Eng. Ms. Renan Jung

• Avaliando o desempenho de sua lavadora ultrassônica / A importância da embalagem de PPS semicríticos- Enf. Esp. Luciene Santos / Arq. Fernando Bustamante

• Os benefícios da utilização do vapor fluente (steamer) na rotina diária do CME / Hands On parâmetros físicos na esterilização por vapor - Enf. Dra Jeane Bronzatti / Eng. Ms. Renan Jung / Enf. Ms. Ana Tércia Barijan

• Testes de funcionalidade em instrumentais cirúrgicos na rotina diária do CME  - Enf. Esp. Raquel Murano e Enf. Esp. Lígia Calichio

• Desafios na limpeza de endoscópios flexíveis / Visita guiada à área física do CME do CHU - Eng. Sérgio Pitanga

 

OFICINAS CENTRO CIRÚRGICO E SARE

• Checklist de cirurgia segura: aplicabilidade na prática assistencial - Enf. Dra. Débora Popov

• Implantando indicadores de qualidade assistenciais e gerenciais no Centro Cirúrgico -  Enf. Esp. Andréa Acuña

• Utilização da simulação realística na capacitação da equipe de enfermagem em Centro Cirúrgico e Sala de Recuperação - Enf. Dra. Rita Caregnato

• Dimensionamento de pessoal em Centro Cirúrgico e Sala de Recuperação - Enf. Dra. Maria Virginia Godoy

• Tecnologia em cirurgia laparoscópica - Admin. Dioísio Melo

• Manejo de hipotermia inadvertida no Centro Cirúrgico - Enf. Ms. Patrícia Aristimunho e Fisio. Ms. Carolina Gerhardt

• Utilização de campos descartáveis na prática cirúrgica - Enf. Elisangela de Fatima

• Jornada do paciente pediátrico no Centro Cirúrgico - Enf. Dra. Giovana Moriya e Enf. Esp. Patrícia Menegat

• Protocolo de Abreviação do Jejum - Protocolo de Manejo da Sede - Nutricionistas Nicole Gome, Thais Mayara de Brito e Vanessa Pazinato Dias

 
Um resumo do que rolou neste sábado:

Enquanto no Auditório Dr. Ricardo Casara está ocorrendo a palestra “Conceitos básicos de limpeza”, apresentada pela enfermeira Dra. Jeane Bronzatti para o grupo inscrito na linha de Centro de Materiais e Esterilização (CME), no miniauditório a enfermeira Dra. Débora Popov está abordando o tema “Checklist de cirurgia segura: aplicabilidade na prática assistencial”, elaborada especialmente para os participantes que optaram por obter mais conhecimentos em Centro Cirúrgico e Sala de Recuperação.

 

 

Dra. Débora Popov fez uma seleção de hits para a sua palestra, recheada de perguntas superatuais, distribuídas na plateia.

 

Depois de tocar cada um dos trechos de música salvos para a sua apresentação, ela está solicitando que os participantes leiam em voz alta indagações que resumem muitas das dúvidas dos profissionais que atuam em Centro Cirúrgico.

 

Depois da leitura, ela e o grupo todo fazem ponderações e reflexões, em uma troca de conhecimento entre pessoas oriundas de diferentes instituições e realidades, a fim de que o checklist seja mais eficaz, garantindo a segurança do paciente. Entre as perguntas propostas para a palestra há esta: “Preciso ter tecnologia avançada para aplicar checklist de cirurgia segura?”.

 

 

Depois da primeira palestra, intitulada “Conceitos básicos de limpeza”, ministrada pela enfermeira Dra. Jeane Bronzatti, o grupo que escolheu a linha de Centro de Materiais e Esterilização (CME) assistiu à apresentação de um profissional com formação distante da Enfermagem, mas que tem muito a contribuir para a qualidade no dia a dia de quem trabalha com a esterilização de instrumentais hospitalares.

 

O arquiteto Fernando Bustamante, ao longo de uma aula que flertou o tempo todo com a Hídrica, enfatizou a importância da qualidade da água em todas as instituições, quer elas tenham orçamentos polpudos, quer sejam menores e com menos recursos. Ao dar atenção aos detalhes, que fazem toda a diferença em um CME, ele discorreu sobre as substâncias utilizadas para uma melhor limpeza, demonstrando acreditar na qualidade do trabalho para que possamos colher os frutos mais adiante. E por isso, para encerrar sua apresentação, Fernando citou Allan Kardec, que disse: “O resultado do que fazemos nos espera mais adiante”.

 

 

No momento da foto abaixo, a enfermeira e especialista Lígia Calichio estava demonstrando, diante de uma carga montada, a necessidade de organizar todos os materiais corretamente na hora da limpeza em lavadoras, para que a sombra causada pela sobreposição errada de uma bandeja, como ela exemplificou, não esconda qualquer acesso dos líquidos utilizados na limpeza, resultando em sujidade. Cercada de materiais que fazem parte do dia a dia dos profissionais de Centro de Materiais e Esterilização (CME), ela apresentou a terceira palestra deste sábado, intitulada “Programando ciclos e montando cargas em lavadoras termodesinfectadoras”, enfatizando, entre outras preciosidades, que o rack é o coração do processo.

 

 

Alguns nomes, como o da enfermeira Dra. Maria Virginia Godoy e o da enfermeira Dra. Kazuko Graziano, já são tradicionais no Simpósio de Enfermagem da Unimed Nordeste-RS. Reconhecidas nacionalmente, elas estão palestrando neste momento, cada qual para um dos grupos de participantes do evento (uma na área de Centro Cirúrgico, outra na de CME). Maria Virgínia está discorrendo presencialmente sobre “Dimensionamento de pessoal em Centro Cirúrgico e Sala de Recuperação”, enquanto Kazuko, de modo on-line, divide todo o seu conhecimento ao ministrar a palestra intitulada “Escolhendo o melhor método de esterilização para dispositivos de alto custo: enfrentamentos diários do enfermeiro de CME”. Para a turma da linha de CME, aliás, outras duas palestras ocorrem na sequência: “Conceitos básicos e critérios para montagem de cargas para esterilização em peróxido de hidrogênio”, com a enfermeira Ms. Ana Tércia Barijan, e “Desmistificando o indicador físico de processo de esterilização a vapor saturado sob pressão”, com o engenheiro Ms. Renan Jung. “Aqui no Rio Grande do Sul tem plantões de 24 horas institucionalizados? Não, né? Mas no Rio de Janeiro [onde moro e trabalho], tem”, disse Maria Virgínia, defendendo a necessidade de pensar em qualidade e em segurança em melhores postos de trabalho, em lugares onde seja bom estar, seja bom trabalhar, seja bom aprender.

 

 

Até onde posso desmontar um item para limpeza? Até onde é possível testar a funcionalidade dele antes de o entregar para o meu cliente/usuário? Como embalar? Precisamos de respostas assim do fabricante de nossos materiais, segundo a enfermeira Dra. Kazuko Graziano. De acordo com ela, somos, sim, responsáveis pelo patrimônio do hospital. “Não podemos fazer extrapolações [na limpeza das peças] sem o consentimento do fabricante”, frisou a palestrante, que, em sua apresentação, detalhou informações como as características desejáveis de um método ideal de esterilização. “O peróxido de hidrogênio foi abraçado com tudo no Brasil, mas é necessário cuidado, pois ele está aquém no quesito segurança, se compararmos com o vapor”, comentou a experiente profissional.

 

 

“Quando tem criança, vai demorar mais”, disse a enfermeira Dra. Giovana Moriya, referindo-se às rotinas de um centro cirúrgico pediátrico, ao apresentar a “Jornada do paciente pediátrico no centro cirúrgico” a uma parte dos participantes da linha de Centro Cirúrgico e Sala de Recuperação deste Simpósio de Enfermagem. Com uma série de indagações, ela propôs reflexões para uma plateia atenta às suas explicações in loco, em uma das salas do Centro Cirúrgico Pediátrico do Complexo Hospitalar Unimed. Por que a criança precisa ser transportada em uma cadeira de rodas, e não no colo da mãe ou do pai? Por que tem brinquedistas no hospital inteiro, mas não no centro cirúrgico? Por que fazer a injeção de um anestésico antes de dar um “cheirinho” para a criança, em vez de o contrário, para que tudo seja feito enquanto ela já está dormindo? Por que não colocar uma essência nas máscaras, com um perfume de que as crianças gostam, em vez de mantê-las apenas com o odor característico, que não é bom? Por que os pequenos precisam, necessariamente, vestir o jaleco para irem ao centro cirúrgico, se sabemos que até mesmo para os adultos é desconfortável ficar sem a própria roupa? “Ah, mas tem bichinhos na estampa do tecido! Mas não é a roupa da criança, não é a mesma coisa”, disse a profissional. Entre um questionamento e outro, ela defendeu a necessidade de fazer (ou ao menos tentar fazer) o que é importante para o paciente, para um atendimento mais humano, mesmo que o tempo de “turnover” precise ser maior, se comparado a um centro cirúrgico para adultos.

 

 

O representante comercial da Life Save, empresa de paramentação cirúrgica, fez as vezes de paciente na oficina apresentada pela enfermeira Elisangela de Fátima, vinda do Rio de Janeiro, intitulada “Utilização de campos descartáveis na prática cirúrgica”. Para demonstrar os benefícios desse tipo de material, que inclusive é o que passou a ser utilizado no Complexo Hospitalar Unimed, a profissional apresentou aos participantes a paramentação em uma cirurgia. Esse tipo de material, conforme o fabricante, diminui o risco de infecção, traz mais conforto para o médico e aumenta o giro de sala (“turnover”), além de poupar água, já que, por não ser reaproveitado, não precisa ser lavado.

 

 

Vocês deixariam ocorrer uma cirurgia em um paciente com menos de 36 graus de temperatura? Com um sensor de temperatura externo central aplicado na região da testa, a enfermeira Ms. Patrícia Aristimunho frisou a importância de não se fazer um procedimento assim em um paciente com hipotermia. Acompanhada da fisioterapeuta Ms. Carolina Gerhardt, Patrícia apresentou, entre outras informações, os impactos da hipotermia perioperatória, que pode fazer com que aumente a mortalidade, a necessidade de transfusão, os eventos de infarto agudo do miocárdio, e os tremores e desconfortos, além de ocasionalmente fazer com que haja um efeito mais prolongado das drogas (um despertar mais demorado).


É na primeira hora de uma cirurgia, conforme Patrícia, que o paciente mais perde calor. Ao ser anestesiado, ele começa a perder calor. Somente ao acordar é que começa a recuperar a temperatura, ou seja, em torno de três a cinco horas depois. “Eu posso esperar tudo isso? Não, né?”, disse a enfermeira.


Na sequência, a fisioterapeuta Carolina falou sobre redistribuição de calor. “Se o ambiente está frio, meu corpo manda toda a circulação para a região mais nobre, ou seja, para a região torácica. À medida que o paciente vai perdendo calor, surge o tremor. E quais seriam as estratégias para manter a temperatura, para que não se chegue a esse estágio? Um monitoramento de temperatura central, primeiramente, é fundamental. Depois, algum aquecimento desse paciente de forma ativa, que pode ser por convecção, por ar forçado. “Esse gerenciamento do paciente precisa acontecer em todas as fases”, frisa Carolina. E por fim, de acordo com ela, existe a possibilidade de aquecer o sangue e fluidos. “Mas essa estratégia entra como coadjuvante, pois tem um resultado muito baixo, como comprova a literatura especializada no assunto. Portanto, invista, sim, em uma estratégia ativa de aquecimento do paciente”, comenta a profissional.

 

 

Quando chegamos à sala do Centro Cirúrgico em que estava sendo apresentada a oficina
“Protocolo de Abreviação do Jejum/Protocolo de Manejo da Sede”, uma das palestrantes do Simpósio, a enfermeira vinda do Rio de Janeiro Maria Virginia Godoy foi rápida ao dizer:


“Eu pagaria para ver a professora Rita chupando um picolé em uma foto”, disse, referindo-se à também palestrante Dra. Rita Caregnato.


Não foi necessário pagar: como é possível ver, a professora aparece em uma das fotos abaixo, feitas enquanto as responsáveis pela oficina, as nutricionistas Nicole Gomes, Thais Mayara de Brito e Vanessa Pazinato Dias, mostravam os benefícios obtidos quando as equipes oferecem ao paciente alternativas para o manejo da sede em pacientes pós-cirúrgicos, como o picolé de água, que tem se demonstrado um grande conforto.


Além de falar sobre a sede, as profissionais, que são prata da casa, pois trabalham no setor de Nutrição e Dietética do Complexo Hospitalar Unimed, também discorreram sobre as formas de abreviar o jejum dos pacientes, apresentando uma linha do tempo (veja foto) em que são descritos todos os esforços e o passo a passo da implementação desse tipo de protocolo no Complexo Hospitalar Unimed Nordeste-RS.

 

 

Dando continuidade à palestra da Dra. Giovana Moriya intitulada “Jornada do paciente pediátrico no centro cirúrgico”, a enfermeira do Complexo Hospitalar Unimed Nordeste-RS e especialista Patricia Menegat falou ao grupo que escolheu a linha de centro cirúrgico e sala de recuperação sobre como as crianças são recebidas no centro cirúrgico da instituição que está promovendo este Simpósio de Enfermagem. “Enquanto a Dra. Giovana falou sobre como podem ser as condutas para um melhor atendimento, eu apresentei aos participantes como os procedimentos são realizados aqui na Unimed Nordeste-RS”, explicou Patricia. Em sua fala, ela explicou como se dá a jornada dos pacientes, seguindo o passo a passo descrito no banner da foto a seguir.

 

 

Uma aula repleta de informações técnicas e de perguntas. Assim pode ser descrita a oficina intitulada “Tecnologia em cirurgia laparoscópica”, ministrada pelo administrador Dionísio Melo. De forma didática e ladeado por aparelhos de uma das salas do centro cirúrgico do Complexo Hospitalar Unimed, ele apresentou como ocorre um pneumoperitônio, necessário para a realização de laparoscopias. Entre outras informações, Dionísio disse que a imagem que vemos durante uma cirurgia deste tipo é resultado da sinergia de seis equipamentos: processadora, cabeçote, fonte de luz, laparoscópio, cabo de luz e monitor. Munido de diferentes materiais, que puderam ser tocados pelos participantes, a fim de sentirem a temperatura, a textura, etc., ele apresentou as mais recentes tecnologias existentes nessa área de conhecimento.

 

 

É possível perceber que os participantes estão aproveitando o Simpósio de Enfermagem pela quantidade de perguntas que estão sendo feitas durante as oficinas. Não é diferente na que está sendo apresentada pela enfermeira especialista Luciene Santos e pelo arquiteto Fernando Bustamante, intitulada “Avaliando o desempenho de sua lavadora ultrassônica / A importância da embalagem de PPS semicríticos”. Essa embalagem, por sinal, é um dos grandes feitos dos gaúchos para o mundo: conforme Fernando, não existia nenhum material desse tipo, que, desde que foi criado, passou a ser utilizado em outras partes do globo.

 

 

“Os benefícios da utilização do vapor fluente (steamer) na rotina diária do CME / Hands On parâmetros físicos na esterilização por vapor”, apresentada pela enfermeira Dra. Jeane Bronzatti, pelo engenheiro Ms. Renan Jung e pela enfermeira Ms. Ana Tércia Barijan. “Testes de funcionalidade em instrumentais cirúrgicos na rotina diária do CME”, ministrada pelas enfermeiras e especialistas Raquel Murano e Lígia Calichio. “Desafios na limpeza de endoscópios flexíveis / Visita guiada à área física do CME do Complexo Hospitalar Unimed Nordeste-RS”, sob a responsabilidade do engenheiro Sérgio Pitanga.


Todas elas foram bastante práticas, oferecendo a possibilidade para os participantes poderem conhecer de perto rotinas, materiais, estruturas, protocolos.

 

 

 

Segundo dia do Simpósio reuniu dezenas de profissionais e palestras presenciais com transmissão online para mais de 200 profissionais de 9 estados!

 

 

A nossa programação do dia foi:

 

• Palestra: Hackeando seu cérebro positivamente e reprogramando o aprendizado. Palestrante: Dr. Marcelo Roxo. Moderadora: Cristiane Fabiola Ribeiro Vieira

• Debate: Estratégias educacionais para a construção de times de alta performance em CC/ SARE/CME: aprimorando a educação permanente. Palestrantes: Rita Caregnato; Maria Virgínia Godoy e Patrícia Treviso Moderadora: Angelita Paganin Costanzi

• Painel: Cirurgia robótica: o papel da Enfermagem desde a implantação até a realização. Painelistas: Natália Poletti, Diana Castro, Andréa Acuña e Daniela Schneider. Moderadora: Graciele Torezan

• Palestra: Fatores determinantes para o projeto de um novo CME. Palestrantes: Fernando Bustamante, Luciene Santos, Raquel Murano e Daniela Schneider. Moderador: Luciano Lemos Doro

• Palestra: Protocolos assistenciais na recuperação anestésica. Palestrantes: Débora Popov e Maria Virgínia Godoy. Moderadora: Graciele Torezan

• Hot Topics: As controvérsias da prática assistencial no processamento de dispositivos médicos e a segurança do paciente garantida pelo CME. Palestrantes: Giovana Moriya, Fernando Bustamante, Ana Tércia Barjan, Lígia Calicchio e Jeane Bronzatti. Moderador: Luciano Lemos Doro

• Respostas rápidas para perguntas relevantes: gestão e cuidado do paciente de alto risco no Centro Cirúrgico: compartilhando a responsabilidade. Palestrantes: Andréa Acuña, Iulek Gorczevski, Enis Donizetti Silva e Patricia Treviso. Moderadores: Marice Michelon Boeira e Paulo Finimundi

• Palestra: Protagonismo, propósito e prosperidade. Palestrante: Renata Bidone. Moderadora: Juliana Tedesco

 

Um resumo do que rolou neste domingo:

Memória é treino. Tem que saber como treinar e como treinar. Também não é genética. Proferindo frases assim, que instigaram a plateia neste domingo, cedo da manhã, o médico neurocirurgião e professor Dr. Marcelo Roxo abriu a sua palestra, intitulada “Hackeando seu cérebro positivamente e reprogramando o aprendizado”, que contou com moderação da coordenadora do Centro Cirúrgico e Salas de Recuperação Anestésica do Complexo Hospitalar Unimed Nordeste-RS, Cristiane Fabiola Ribeiro Vieira. Logo no começo, o profissional relembrou a trajetória do jornalista norte-americano Joshua Fouer, que tinha 23 anos quando foi assistir ao Campeonato Americando de Memória, para a realização de uma reportagem. Lá, surgiu o interesse dele em desafiar a própria memória, o que culminou no livro escrito por ele e denominado “A arte e a ciência de memorizar tudo”, em que tenta explicar por que os humanos lembram algumas informações e simplesmente esquecem outras.


“Não é com a ideia de passar em um concurso, de estudar. Primeiro a gente domina a nossa capacidade cerebral e, depois, tendo o manual de instruções do cérebro, pode-se usar isso como quiser”, explica Dr. Marcelo. “Não existe memória boa e memória ruim. Existe memória bem treinada ou mal treinada. Não devemos ter sorte para ter uma boa memória, e sim técnica. Mesmo em um bom-dia, a gente usa 47% da capacidade cerebral. Quando a gente consegue dar significado à memória, a gente reforça a lembrança. Afinal, alguém aqui sabe onde estava no 11 de setembro? Sim, né? Coisas estranhas e coisas emocionais ajudam a fixar a memória”, complementa.


Mergulhado no assunto, Dr. Marcelo criou um curso on-line chamado Ultra Inteligência, que já teve mais de 60 mil alunos. Abaixo, você confere tópicos apresentados na palestra e que também fazem parte dos módulos desse curso.

 

Seis pilares da saúde cerebral (ou como usar 100% da capacidade cerebral da melhor maneira possível):

 

• Atividades físicas. Quando nos reaproximamos da maneira por meio da qual evoluímos como espécie, mais evoluímos. Devemos nos reaproximar de nossas bases biológicas, portanto. A primeira procrastinação do dia é ativar a soneca no celular. A evolução biológica ainda não mudou, só que mudamos muito nas nossas atitudes. O homem está cada vez mais sedentário, mas não fomos feitos para ficar parados. Precisamos, então, fazer atividade física regularmente.

 

• Saúde cardiovascular: cuidados, acompanhamentos, que temos que fazer (de pressão arterial, doenças cardiometabólicas, glicose…).

 

• Alimentação. A gente evoluiu como espécie comendo raízes, tubérculos, carnes, gorduras boas, fazendo momentos de jejum, consumindo gorduras de capas protetoras (bacon). Não havia carboidratos refinados e alimentos ultraprocessados nessa evolução. Por isso, vale saber que a aterosclerose que obstrui nossos vasos não vem da gordura dos alimentos, de acordo com Dr. Marcelo. Vem, sim, de alimentos ultraprocessados e refinados. Tem gorduras que são fundamentais para o nosso cérebro, encontradas em peixes, castanhas e nozes. A gente sobrevive sem carboidrato, mas não sobrevive sem proteína e sem gordura. O carboidrato não é fundamental. É cientificamente comprovado que jejum intermitente (a partir de 12 horas) proporciona mais foco, mais concentração. Praticando jejum intermitente é possível sentir menos sono. Tem protocolos que dizem para fazer dois dias por semana de prática de jejum. Outros ainda dizem para fazer dia sim, dia não. Mas por que é tão difícil fazer jejum? Se comêssemos uma galinha com pele, segundo Dr. Marcelo, iríamos construir uma alimentação mais forte e melhorar a nossa saciedade, nos reaproximando de nosso ritmo biológico, conseguindo fazer jejum e melhorando nosso foco. Ninguém precisa passar fome, mas tem que ter uma alimentação baseada em precentos, em conceitos mais saudáveis. Com alimentação “low carb”, tem pesquisas que dizem que teremos uma melhor performance cerebral e menos riscos de desenvolver demências.

 

• Engajamento cognitivo: engajamento cognitivo são atividades em que nos desafiamos (jogos, palavras cruzadas, leituras). São fundamentais para que a gente tenha um salto de performance em nossa rotina. Por exemplo: nossa atividade matinal. O principal momento para nos engajarmos com uma atividade de leitura e aprendizado é de manhã. As primeiras oito horas do dia são mais propícias para incluirmos atividades que nos causam desconforto límbico (que nos fazem sair mais da nossa zona de conforto), e aí entram as atividades físicas. Entre nove e quinze horas depois de acordar, o ideal é executar atividades que nos causem prazer e que não nos tirem tanto da zona de conforto. Esse segundo momento do dia, então, é bom para aprender idiomas, para meditação, e reflexões também são bem-vindas ao longo dele. E na terceira etapa do dia temos que dormir, e dormir é algo fundamental.

 

• Sono: o sono diz respeito à performane. O pessoal do Vale do Silício dorme bastante e gosta de dizer, atualmente. Quem não dorme bem não terá boa performance. Uma das provas disso é que está comprovado que, no primeiro dia depois do início do horário de verão, quando a gente perde uma hora de sono, existe uma prevalência de 23% a mais de infarto agudo do miocárdio. E no retorno do horário tem sido registrada uma redução de 25% de ocorrências de infarto agudo do miocárdio. “Durma bem ou fique pelo caminho. O sono e biológico, é necessidade. Você dormiu tempo suficiente na semana passada? Ativou o soneca quantas vezes? Precisou de café para acordar com que frequência? Por que a gente não se lembra das coisas? Porque a gente não dorme bem. Portanto, é fundamental dormir bem depois de estudar”, diz Dr. Marcelo. De acordo com ele, a gente tem que fazer pelo menos quatro a cinco ciclos para açcançar o sono REM e consolidar o conhecimento. E para isso tem que dormir de sete a oito horas por dia. Menos de seis horas acarreta em aumento do risco cardiovascular. Menos de quatro horas? Aumento de doenças degenerativas. Portanto, não adianta querer performance mental se a gente não dorme.

 

• Interações sociais: por que a pandemia foi tão ruim para a saúde mental das pessoas? Por causa do isolamento social. Pois as pessoas não interagiam mais, elas ficavam reclusas. Isso foi péssimo para o nosso cérebro. “O homem é um animal social. Não fomos feitos para ficarmos sozinhos. A interação tem um impacto absurdo em termos de interação social”, complementa Dr. Marcelo.

 

Dr. Marcelo, então, criou o método A.R.L. (Aprender, Reter e Lembrar). Com essa estratégia, podemos dizer que:

 

O aprendizado é obrigatoriamente individual e criativo.

 

• Só aprendemos algo quando somos sujeitos ativos e não passivos.

 

• A gente ativa a memória numa fase do sono.

 

E assim surge o estudo por ciclos:

 

Ciclo etéreo


Não existe aprendizado sem revisar. Assim como a repetição espaçada. “Quando fazemos repetição espaçada no tempo, conseguimos fazer memória de longo prazo. Se não fizermos isso, nossa memória joga fora tudo o que viu ao longo do dia”, diz Dr. Marcelo. Esse ciclo tem quatro etapas: 1) estude (flash cards, cartões de memória, mapas mentais); 2) teste; 3) revise; 4) observe; e 5) registre (deixe documentado quantas questões acertou, etc). “A gente tem que fracionar o período de aquisição de estudo, e a técnica Pomodoro, de dividir o trabalho em momentos de 25 minutos, com intervalo de 5 a 10 minutos entre esses períodos, já diz isso”, comenta. “Quatro horas de estudo são um limite da nossa capacidade cerebral. Temos que estudar de forma efetiva não mais do que seis horas, porque não temos capacidade de subir a escada da inteligência mais de um degrau por dia. O cérebro tem uma capacidade bizarra, mas um pouco por dia”, complementa.

 

 

Este evento é um ambiente de disseminação do conhecimento. Assim como ele, outros momentos de trocas são necessários, em cursos técnicos, nas graduações e nos PPGs (programas de pós-graduações). Para discorrer sobre as metodologias mais atuais para a educação, Rita Caregnato apresentou, didaticamente uma série de detalhes que fizeram parte da aplicação de aulas em seu dia a dia, com um consistente embasamento científico. Ela integrou o debate “Estratégias educacionais para a construção de times de alta performance em CC/ SARE/CME: aprimorando a educação permanente”, que contou também com a participação de Maria Virgínia Godoy e de Patrícia Treviso, com moderação de Angelita Paganin Costanzi. “A gente precisa muito tornar o ensino na nossa área mais atraente, Afinal, quem gosta de lavar fresa? Vamos brincar com eles [os alunos], fazer jogos, estações. Eu já utilizei o jogo ‘Quem quer ser um milionário’; quem ganha a brincadeira acaba sendo presenteado com um livro. Tudo de maneira mais leve, pois pesado basta o cotidiano”, disse Maria Virgínia, que aproveitou a ocasião para apresentar a Ligace e suas estratégias educacionais para a construção de times de alta performance. “Daqui a pouco, os alunos serão nossos colegas, então, quanto melhor nós os acolhermos, quanto melhor for esse aprendizado, melhores serão nossas rotinas de trabalho depois”, finalizou a terceira debatedora, Patrícia Treviso.

 

 

O terceiro painel desta edição do Simpósio de Enfermagem está entrando para a história. Intitulado “Cirurgia robótica: o papel da Enfermagem desde a implantação até a realização”, ele reúne em um mesmo palco as painelistas Andréa Acuña, que participou, no Hospital Sìrio-Libanês, da primeira cirurgia robótica no Brasil, Daniela Schneider, que esteve na primeira cirurgia robótica do Rio Grande do Sul (no Hospital de Clínicas), Natália Poletti, que apresentou o robô Da Vinci, e Diana Castro, que mostrou o robô Versius. A moderação teve a assinatura de Graciele Torezan. Ao discorrer sobre o que o futuro nos reserva, as integrantes da terceira palestra de hoje mostraram que não acreditam que as cirurgias por robôs substituam totalmente o modelo tradicional. Porém, muitas novidades estão surgindo, sim. E estar a par dessas mudanças faz dos profissionais das Enfermagem cada vez melhores -- e não por nada este painel foi um dos que mais tiveram perguntas enviadas no grupo de WhatsApp do evento, com questões superinteressantes e necessárias.

 

 

Já imaginou tudo o que é necessário observar para colocar em funcionamento um CME? Para trazer o assunto à tona, os profissionais Fernando Bustamante, Luciene Santos, Raquel Murano e Daniela Schneider, sob a moderação de Luciano Lemos Doro, apresentaram a palestra intitulada “Fatores determinantes para o projeto de um novo CME”, exclusiva para o grupo de participantes que escolheu a linha de CME deste Simpósio de Enfermagem. “A necessidade de uma sala de treinamento e a importância de ter os projetos bem definidos, para que não seja necessário mexer na estrutura de um CME [o que ocasionaria pó, que entraria nos dutos de ar-condicionado, podendo, se não for feita uma devida limpeza nos filtros, ocorrer a contaminação de todo o ambiente] são fatores primordiais, que precisam ser observados”, exemplificou Fernando Bustamante, que permeou sua fala com uma série de resoluções da Anvisa e de Normas, entre outros itens da legislação brasileira.


Na sequência, Luciene Santos abordou o assunto a partir da perspectiva de equipamentos. De acordo com ela, são tendências crescentes que influenciam o desenho do CME, entre outras:


1) Políticas e procedimentos ecologicamente corretos (eficiência hídrica/conservação, eficiência energética, reduções de emissões de CO2, qualidade ambiental interna e equipamentos energeticamente eficientes);


2) Certificação LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental, usada em prédios “green” e que passou a ser adotada também por hospitais) e equipamentos que já têm o selo “green”; economia de água (existem equipamentos que economizam 36% de água por ciclo);


3) Descontinuação de plantas de vapor, no Brasil também chamadas de caldeiras (grande investimento de capital, ocupação de grande quantidade de espaço, grande necessidade de energia, método ineficiente de criar e distribuir energia, em comparação com métodos de ponto de uso, algo caro para manter…);


4) Diminuição de processamento de tecido;


5) Eficiência do processo (eliminar o desperdício, reduzir o tempo e os custos do processamento, automação);


6) Manuseio de materiais (automação/robótica);


7) AGVs (veículos guiados automatizados); indústria de movimentação de materiais vê o ambiente hospitalar como uma área de crescimento significativo;


8) Suporte de gestão LEEN;


9) Automação parcial do CME.


Após, Raquel Murano apresentou um estudo de caso sobre o dimensionamento de instrumentais cirúrgicos e contêineres realizado em um hospital de médio porte de São Paulo, considerando que a CME seria externa e todos os instrumentais deveriam vir em contêineres.


Por fim, Daniela Schneider abordou questões relacionadas ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que é composto atualmente por três blocos de prédios, 836 leitos e 34 salas cirúrgicas. Conforme ela, o CME de lá fica distante do centro cirúrgico, o que se torna um desafio.

 

 

Fazendo sempre um paralelo com o mercado de trabalho e com a realidade que mais conhece, a do Rio de Janeiro, onde reside e trabalha, Maria Virgínia Godoy voltou ao palco para dividi-lo com Débora Popov, para que, juntas, pudessem discorrer sobre protocolos assistenciais na recuperação anestésica.”Por que há tão menos profissionais no turno da Noite, se compararmos com o Dia, em todos os hospitais?”, indagou Maria Virgínia. Com a moderação de Graciele Torezan, a palestra trouxe a necessidade de seguir os protocolos, pensando sempre na recuperação e no conforto do paciente. Vinda de São Paulo, Débora começou a palestra com a seguinte pergunta: por que contruímos protocolos? “A recuperação de um paciente de forma segura começa conosco planejando a recuperação dele, e essa recuperação começa na sala operatória, seguindo protocolos”, disse.

 

 

Confira o registro dos nossos palestrantes e moderadores:

 

 

 

Inscritos de vários estados estiveram presencialmente no nosso Simpósio

 

O Simpósio de Enfermagem cresceu. Neste ano, conta com a presença de participantes de nove Estados mais o Distrito Federal. Uma dessas pessoas que atravessaram o rio Mampituba para vir a Caxias do Sul é a enfermeira Laís Gonçalves, de Belo Horizonte.  “O motivo de vir ao Rio Grande do Sul pela primeira vez foi somente o evento”, diz a profissional, que trabalha há seis anos como enfermeira e há dois meses no hospital Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH. Laís ficou sabendo do Simpósio pelas publicações feitas pela Unimed Nordeste-RS no LinkedIn.

 

“Assim que vi a primeira postagem, me interessei pelos palestrantes, pela estrutura e pela programação toda. Na hora, bloqueei a minha agenda para poder estar aqui”, comenta a profissional, que trabalha com robótica no centro cirúrgico, mas também é responsável, apesar de se tratar de um hospital de grande porte, por atividades que envolvem desde a recepção até as rotinas assistenciais. “Tudo o que diz respeito à robótica é de minha responsabilidade.”

 

Laís chegou sexta-feira, sozinha, sem conhecer ninguém. “Mesmo assim, fiz questão de vir presencialmente, em vez de participar de modo on-line, pois assim consigo trocar experiências com profissionais, além de conhecer de perto a estrutura do Complexo Hospitalar, fazendo muitas trocas. Não que eu seja contra o on-line, mas, virtualmente, acabo fazendo paralelamente outras atividades, me distraio, não dou tanta atenção. Aqui, minha dedicação está sendo muito maior”, compara.


De fato, ontem, no primeiro dia do Simpósio, Laís já fez amizades, trocas e novos amigos.


“Tanto a estrutura do evento quanto a do Complexo Hospitalar são incríveis.”

 

Pelas falas dos profissionais, tanto das palestras quanto das oficinas, Laís percebe que ainda tem muito a fazer na sua instituição, que tem rotinas diferentes das daqui.

 

“A proposta que apresentei para poder vir considera justamente isso. A finalidade de minha vinda é entrar em contato com uma realidade diferente da que tenho lá. Trabalho em um hospital privado como este, mas que mudou o grupo proprietário e está em fase de mudanças”, comenta.

 

Vinda de uma capital, ela considera sensacional uma cidade do interior ter um evento assim. “Não me recordo de em Minas ter uma movimentação como esta entre profissionais da Enfermagem. Não só da instituição, mas também em relação aos enfermeiros e técnicos. Lá, precisamos crescer muito neste segmento. E outras pessoas de outras cidades com quem conversei ao longo do evento me disseram a mesma coisa, que em suas respectivas instituições não veem esse tipo de movimentação”, finaliza Laís, certa de que o investimento para vir para o Simpósio valeu a pena.

 

Um agradecimento especial também para as empresas parceiras que acreditam no nosso trabalho e nos ajudaram a realizar este evento, ao lado da comissão organizadora.