Que o verão é a estação preferida de muitas pessoas nós já sabemos. Apesar das delícias desse período, como praia, piscina e muito sol, a exposição a esses fatores acaba aumentando a incidência de queimaduras.

A queimadura solar, muito comum neste período do ano, atinge diferentes camadas da pele, dependendo da profundidade da lesão. Ela causa danos imediatos e a longo prazo, uma vez que provoca alterações cumulativas ao DNA das células da pele. Além disso, no verão, também cresce o risco de queimaduras por águas-vivas e até pela chamada caravela-portuguesa.

Dado que 90% das queimaduras poderiam ser evitadas, como explica a médica dermatologista Márcia Manozzo, medidas preventivas são fundamentais e dependem de educação, tanto das crianças como dos adultos. Com os cuidados certos, podemos reduzir acidentes e aproveitar um verão mais tranquilo. Vamos conferir?


Queimadura solar

O cenário é típico: férias, areia, banho de mar e… torrão? Quem nunca voltou de um dia de praia com a pele toda vermelha, não é mesmo? Conforme a Dra. Márcia, essa queimadura é definida pelo “dano causado à pele através da radiação ultravioleta (UV) do sol, por exposição intensa aguda”. A queimadura solar também pode ocorrer pela exposição solar não tão intensa, mas cronicamente, lesando o DNA celular e aumentando a chance de desenvolver câncer de pele.

“A exposição solar excessiva é a principal causa do câncer de pele melanoma e não-melanoma. Também causa rugas, manchas, aumento da espessura e aspecto mais amarelado da pele, o chamado envelhecimento precoce. As lâmpadas de bronzeamento artificial causam os mesmos danos à pele que a exposição solar”, complementa a dermatologista.

Dito tudo isso, qual a melhor forma de prevenir a queimadura solar?

– Evite exposição ao sol no período das 10h às 16h.
– Use protetor solar de forma correta: o produto deve ser usado diariamente, em toda a pele exposta. Use fator de proteção 30, no mínimo. Aplique uma boa quantidade em toda a pele, pelo menos 15 minutos antes da exposição e reaplique o produto a cada 2 horas ou após banho de mar ou piscina.
– Faça uso de chapéus ou bonés de abas largas, óculos de sol, guarda-sol, camisetas com proteção solar.
– Use protetor solar labial.
– Não exponha bebês menores de 6 meses diretamente ao sol. A partir dessa idade, use protetor solar infantil nas crianças.

E se você levou aquele torrão, como tratar as lesões?

– Beba bastante água e líquidos hidratantes para ajudar a reduzir a temperatura corporal e repor a quantidade de líquido perdido através da transpiração.
– Resfrie a pele com banhos ou aplicando compressas frias nas áreas afetadas.
– Para queimaduras leves, aposte em cremes ou loções com dexpantenol, pasta d’água, aloe vera e/ou calamina; eles ajudam a aliviar os sintomas. Se houver bolhas, não fure, pois isso favorece a infecção da lesão. Neste caso, o médico deverá ser consultado.


Queimadura por água-viva

A água-viva, também conhecida como mãe d’água, é um animal marinho da classe dos cifozoários, cujos tentáculos são capazes de provocar queimaduras em seres humanos.

“Ao longo das últimas décadas, percebemos que o número de queimaduras causadas por águas-vivas aumentou em todo o mundo, tornando-se um problema crescente de saúde pública. Estima-se que anualmente ocorram cerca de 150 milhões de queimaduras causadas por esses animais”, afirma a Dra. Márcia.

O contato dos tentáculos das águas-vivas com a pele causa dor e ardência na região atingida, variando de intensidade e duração conforme a quantidade de tentáculos envolvidos e a espécie do animal. A primeira medida a ser tomada é a limpeza da região atingida com vinagre ou água do mar, sem fricção. Cuidado: água doce pode agravar a lesão.

Após o alívio dos primeiros sintomas, a pele queimada costuma permanecer vermelha ou rosada por alguns dias. “Por isso, é importante a proteção solar adequada, para não ocorrerem manchas residuais”, complementa a médica.


Queimadura por caravela-portuguesa

Já as caravelas-portuguesas, muito confundidas com águas-vivas, também são animais marinhos mas, como diferenciação, apresentam um balão flutuador roxo ou avermelhado, que fica acima da linha d’água. Aparecem com frequência nas regiões Norte e Nordeste, mas também podem surgir em grande número, em intervalos de tempos pequenos, nas regiões Sul e Sudeste, como tem acontecido ultimamente nas praias gaúchas.

O perigo acontece por conta da liberação de um veneno que é produzido em uma célula – o nematocisto. “Não é necessário deixar de frequentar as praias, no entanto é preciso tomar cuidado e se afastar dos animais, já que o contato com seus tentáculos causa dor instantânea e violenta, além da vermelhidão”, aconselha a Dra. Márcia.

Muito raramente, pode haver comprometimento cardíaco e pulmonar, o que torna os acidentes muito graves. Abaixo, confira os primeiros socorros em caso de queimaduras com águas-vivas ou caravelas-portuguesas:


Primeiros socorros:

1) Faça compressas de água do mar gelada e aplique vinagre de cozinha para aliviar a dor e retirar parte do veneno do ferimento. Reaplique novos banhos de vinagre por 30 minutos.

2) Remova os tentáculos que estiverem agarrados à pele com uma pinça, mas, na falta desta, você pode usar um plástico duro, como um cartão bancário ou um palito.

3) Não lave o ferimento com água doce, pois piora o envenenamento.

4) Não toque nos tentáculos das caravelas sem luvas adequadas.

Independentemente do tipo de queimadura, a dica é clara: se depois de fazer os primeiros socorros os sintomas persistirem ou se você sentir falta de ar, taquicardia ou tontura, busque atendimento médico rapidamente! Tendo isso em mente e, claro, a prevenção certa, é só aproveitar o verão, com alegria e segurança.