A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal nos indivíduos. Em razão do seu aumento entre a população nos últimos anos, os olhares da comunidade científica têm se voltado cada vez mais à prevenção do problema. E prevenir é uma atitude que começa ainda na infância.

O avanço da obesidade entre os pequenos acende um alerta importante no Brasil e no mundo: no país, uma em cada três crianças com idade entre cinco e nove anos está acima do peso, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Organização Mundial da Saúde (OMS) já define a obesidade infantil como uma epidemia e prevê que o número de crianças obesas no mundo pode chegar a 75 milhões em 2025.

Entender as causas e as formas de prevenção da obesidade na fase infantil é fundamental, uma vez que ela pode evoluir para problemas mais graves. É o caso de doenças crônicas degenerativas, como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial e outros problemas cardiovasculares.

Além disso, a pandemia é outro fator que chama a atenção para o assunto, já que, em razão das medidas de contenção do vírus, as crianças passam muito mais tempo dentro de casa. Neste texto, você vai conhecer mais sobre as causas, riscos e diagnóstico, bem como ações que ajudam a diversificar a alimentação e a combater o sedentarismo, fatores-chave para a obesidade.


As causas

A origem da obesidade nas crianças reside em múltiplos fatores, como afirma a pediatra e nutróloga Dra. Claudia Zen. Eles podem ser genéticos, metabólicos, nutricionais, psicossociais ou ambientais. A observação no comportamento das crianças é essencial para identificar sinais. Mudanças no estilo de vida, por exemplo, parecem estar envolvidas no surgimento da obesidade, explica a médica.


Sinais de atenção

Depois de ter chegado até aqui, você pode estar se perguntando: como identificar pistas para impedir o avanço do problema? Além do aumento excessivo de peso, a obesidade está relacionada a muitos outros indicadores, como lembra Dra. Claudia:

– Hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia (níveis elevados de gordura no sangue), aterosclerose (acúmulo de gorduras, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias e dentro delas);
– Doença gordurosa não alcóolica do fígado, refluxo gastroesofágico, constipação intestinal;
– Deficiência de vitamina D;
– Síndrome da apneia obstrutiva do sono, asma;
– Incontinência urinária;
– Resistência insulínica, síndrome dos ovários policísticos, avanço da puberdade;
– Acanthosis nigricans (manchas amarronzadas na região cervical e axilar), estrias, celulite, acne, furunculose;
– Problemas ortopédicos;
– Problemas psicossociais.

Por isso, ir regularmente ao pediatra é tão importante, afinal, é ele quem conhece todo o histórico médico da criança, realiza avaliações e receita exames para identificar os sinais acima.


Como diagnosticar?

De acordo com Dra. Claudia, é possível encontrar critérios para o diagnóstico da obesidade por meio de dados nutrológicos, como o inquérito alimentar e o exame físico. Esse exame leva em conta peso, altura, circunferência abdominal e índice de massa corporal (IMC).

O grau de obesidade é determinado pelo IMC, conforme referenciais elaborados pela OMS. O pediatra que acompanha a criança é quem faz o diagnóstico de sobrepeso ou obesidade. Esse profissional também está apto a fornecer as orientações mais adequadas para cada paciente, considerando a realidade da família e da própria criança. Se necessário, ele pode encaminhá-los ao endocrinologista, médico especializado em doenças relacionadas ao sistema hormonal e ao metabolismo.


Estratégias para prevenção e tratamento


Abaixo, confira 10 itens elencados pela Dra. Claudia Zen para combater e prevenir a obesidade nas crianças. Como você vai ver, muitos deles começam a partir de atitudes simples, que podem ser iniciadas em casa por toda a família:

1. Incentivar o consumo de cinco porções de frutas e vegetais diariamente. Além de nutritivos, esses alimentos contribuem para um paladar mais acostumado aos sabores naturais.

2. Diminuir o consumo de alimentos com alta densidade calórica, como gorduras saturadas, salgadinhos e produtos com alto índice glicêmico, caso dos doces.

3. Diminuir o consumo de bebidas açucaradas e/ou com aromatizantes. Isso inclui o famoso suco de caixinha e, claro, o refrigerante. Que tal reunir a família para fazer um suco natural?

4. Reduzir as refeições vindas de fora de casa, em particular fast-foods.

5. Fazer o desjejum todos os dias. Não é segredo pra ninguém: o café da manhã é a refeição mais importante. Um bom desjejum abre o apetite, diminui as chances de exagerar em outras refeições e fornece a energia e a disposição de que os pequenos tanto precisam.

6. Não pular refeições.

7. Atenção com o sedentarismo: atividades como ver televisão, fazer uso da internet e jogar videogame devem ser reduzidas para duas horas por dia, no máximo, para os pequenos maiores de dois anos. Reserve um período no dia para essas atividades e, no restante dos horários, estimule outras brincadeiras e exercícios.

8. Participar de exercícios divertidos e adequados para cada idade. Na pandemia, muitas atividades em grupo, como as escolinhas de futebol, natação e as idas ao parquinho, precisam ser reinventadas. O jeito é afastar o sofá e fazer da sala o novo playground. Nesse momento, a internet pode ser uma grande aliada dos pais e responsáveis: vários portais, páginas no Instagram e canais no YouTube oferecem conteúdo com dicas para brincar em casa.

9. Aumentar intensidade, frequência e duração das atividades físicas, sem se esquecer do equilíbrio e do respeito à individualidade de cada criança.

10. Praticar mais de uma hora de atividade física diariamente.