Por Juliana Ollé, psicóloga da Medicina Preventiva da Unimed Nordeste-RS

Não é novidade que o estresse e o esgotamento profissional estão presentes no dia a dia e nos mais diversos ambientes de trabalho, porém, agora, esses fatores passam a ser tratados de forma diferente. Desde o dia 1º de janeiro de 2022, entrou em vigor a atualização da Classificação Internacional de Doenças (CID 11), da Organização Mundial da Saúde (OMS), em que a síndrome de burnout passa a ser definida como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”.

A mudança ocorreu em conferência da organização em 2019, mas o documento entrou em vigor neste ano. Para alterar o documento, a OMS analisa estatísticas e tendências da saúde.

Um ambiente de trabalho hostil pode, de fato, comprometer a saúde mental e afetar a qualidade de vida do indivíduo. Afinal de contas, passamos de oito a 10 horas dentro do local de trabalho e, por vezes, encontrar o equilíbrio emocional pode se tornar um desafio diário.

Dessa forma, torna-se mais evidente a importância de cuidar da saúde mental na vida profissional. Respeitar limites, horários e demandas pode contribuir para a um colaborador saudável e, consequentemente, uma empresa melhor.


O que é a síndrome de burnout, segundo a OMS?

A síndrome de burnout é caracterizada pelo esgotamento físico e mental associado ao trabalho. O registro da OMS explica que o esgotamento “se refere especificamente a fenômenos relativos ao contexto profissional e não deve ser utilizado para descrever experiências em outros âmbitos da vida”. Se caracteriza por três elementos: “sensação de esgotamento, distanciamento mental do trabalho e eficácia profissional reduzida”.


Sintomas da síndrome de burnout:

– Sensação de esgotamento: cansaço constante e estafa mental são um dos primeiros indícios de burnout, afinal, o cansaço acompanha o colaborador em todos os lugares e eventos, não só no trabalho.
– Distanciamento mental do trabalho: quando não há muito engajamento do profissional nas atividades a serem realizadas, falta de vontade e energia para realizar demandas que se considera bom em cumprir. Além disso, é comum que os profissionais com burnout apresentem pessimismo com as atividades que cumpriam ou irão cumprir, e mantenham-se mais isolados da equipe com que trabalham.
– Eficácia profissional reduzida: em razão do cansaço, é comum que o trabalhador comece a apresentar baixo desempenho em suas atividades.


Como prevenir a síndrome de burnout?

Agir de forma preventiva pode fazer grande diferença na sua qualidade de vida e te manter distante da síndrome de esgotamento profissional.

Reconhecer seus limites ajuda a perceber o momento de desacelerar. Manter uma rotina saudável, que inclua atividade física, boa alimentação, hidratação, limite no uso dos eletrônicos e hábito de dormir cedo, pode contribuir muito para o equilíbrio emocional.

No entanto, reconhecer a importância de buscar ajuda de um profissional, como psicólogo e psiquiatra, pode ser fundamental no tratamento e reestruturação da rotina saudável.

A avaliação de um profissional possibilita diferenciar se os sintomas apresentados ocorrem de forma isolada ou rotineira, critérios importantes para um possível diagnóstico e tratamento. Além disso, identifica as possíveis condições que desencadearam a síndrome de burnout, como uma carga horária extensa, ansiedade, insegurança, relações de abuso ou estafa mental. O tratamento visa a que o indivíduo encontre formas de gerenciar o estresse, para que essas condições não continuem presentes nas suas atividades e se tornem gatilhos para crises futuras.

Separamos alguns lembretes para te ajudar a lidar com o estresse relacionado ao trabalho:

– Peça ajuda;
– Romantizar a sobrecarga não é saudável;
– Desconecte-se para viver o momento presente;
– Você é um ser humano, não um robô;
– Cultive sua vida além do trabalho;
– Faça acompanhamento psicológico.

Lembre-se: o descanso é tão importante quanto ser produtivo!